Há 7.000 anos atrás nas margens do Rio Nilo surgiu uma das primeiras civilizações da humanidade, a civilização egípcia que persistiu por 3.000 anos.
O sedentarismo desta civilização foi possível pela sistematização da agricultura. Sem a necessidade de se deslocarem, os egípcios desenvolveram um conjunto de ciências através da observação da cheia do rio e dos astros. A astronomia primeiro e depois a matemática, a geometria, a música e a arquitetura. A religião vai adquirindo características de um ritual capaz de captar os favores dos deuses: o Sol, a Lua, o Nilo.
Toda a sua arte reflete a religiosidade, sua crença fundamental de que a morte não é um acontecimento triste, mas uma ruptura da vida: ela é meramente uma transmissão para outra forma ou dimensão de vida. A arte é então fundamental para eternizar.
Durante um bom tempo a cultura egípcia foi considerada misteriosa. As pirâmides estavam envoltas de mistério, com seus labirintos internos e sua infinidade de portas falsas e passagens secretas. A arte sagrada violada “punia” seus violadores.
Com base na pedra de Rosetta, encontrada por um soldado de Napoleão, o cientista francês Jean-François Champollion decodificou em 1799 uma série muito importante de hieróglifos.
UMA ARTE DE CONVENÇÕES
A arte egípcia estava intimamente ligada à religião e era bastante padronizada, não dando margem à criatividade ou à imaginação pessoal. Os artistas egípcios foram criadores de uma arte anônima, com o domínio das técnicas de execução e não o estilo do artista.
Dessa forma, na pintura e nos baixos-relevos existiam muitas regras, dentre elas, a lei da frontalidade, ou “lei das visões principais” que era rigidamente obrigatória. Essa lei determinava, na pintura, que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil. A arte não deveria apresentar uma reprodução naturalista, que sugerisse ilusão de realidade.
As pinturas encontradas nos túmulos representavam à vida do faraó. Mas este modo de representar a vida é muito diferente do nosso. O que mais importava ao pintor não era a boniteza, mas a inteireza. A tarefa do artista consistia em preservar tudo o mais clara e permanentemente possível. Eles desenhavam de memória. O método de um artista se assemelhava mais ao do cartógrafo do que ao do pintor. Tudo tinha que ser desenhado do seu ângulo mais característico. Muitas eram as convenções: o patrão era desenhado maior do que seus criados. Ou até do que sua esposa.
A arte egípcia é profundamente simbólica. Todas as representações estão repletas de significados que ajudam a caracterizar figuras, a estabelecer níveis hierárquicos e a descrever situações. Do mesmo modo a simbologia serve à estruturação, à simplificação e clarificação da mensagem transmitida criando um forte sentido de ordem e racionalidade extremamente importantes. A harmonia e o equilíbrio devem ser mantidos, qualquer perturbação neste sistema é, conseqüentemente, um distúrbio na vida após a morte. Para atingir este objetivo de harmonia são utilizadas linhas simples, formas estilizadas, níveis retilíneos de estruturação de espaços, manchas de cores uniformes que transmitem limpidez e às quais se atribuem significados próprios. A hierarquia social e religiosa traduz-se, na representação artística, na atribuição de diferentes tamanhos às diferentes personagens, consoante a sua importância. Como exemplo, o faraó será sempre a maior figura numa representação bidimensional e a que possui estátuas e espaços arquitetônicos monumentais. Reforça-se assim o sentido simbólico, em que não é a noção de perspectiva (dos diferentes níveis de profundidade física), mas o poder e a importância que determinam a dimensão.
SOCIEDADE NO EGITO ANTIGO
Faraó - sacerdotes/escribas – mercadores – artesãos – camponeses - escravos
Faraó – O rei era considerado um ser divino que tinha completo domínio sobre seus súditos – ao partir deste mundo, voltava a ascender para junto dos deuses donde viera. As pirâmides elevando-se para o céu ajudavam a fazer esta ascensão. Era preciso, no entanto preservar seu corpo sagrado da decomposição. Os egípcios acreditavam que o corpo deve ser preservado para que a alma possa continuar vivendo no além. . O corpo dos faraós era colocado exatamente no centro da gigantesca montanha de pedra A imagem do rei precisava ser preservada. Os escultores faziam a cabeça do rei em granito e a colocavam na tumba onde ninguém a via, para aí exercer sua magia e ajudar a sua alma a manter-se viva. Escultor era uma expressão “aquele que mantém vivo”.

As pirâmides são sem dúvida o paradigma da arquitetura egípcia. Suas técnicas de construção continuam sendo objeto de estudo para engenheiros e historiadores. A pirâmide foi criada durante a dinastia III, pelo arquiteto Imhotep, e essa magnífica obra lhe valeu a divinização. No início as tumbas tinham a forma de pequenas caixas; eram feitas de barro, recebendo o nome de mastabas (banco). Foi desse arquiteto a idéia de superpor as mastabas, dando-lhes a forma de pirâmide.
Também se deve a Imhotep a substituição do barro pela pedra, o que sem dúvida era mais apropriado, tendo em vista a conservação do corpo do morto. As primeiras pirâmides foram as do rei Djeser, e elas eram escalonadas. As mais célebres do mundo pertencem com certeza a dinastia IV e se encontram em Gizé: Queops, Quefrem e Miquerinos, cujas faces são completamente lisas.
A maior de todas, a chamada grande pirâmide de Queops, tem uma altura aproximada de 146 m e abrange uma superfície de 54 300m2 . A esfinge do conjunto de Gizé (20 metros de altura ) é um retrato de Quéfrem, numa representação que guarda traços de totenismo no corpo de leão. A esfinge foi esculpida num pequeno monte rochoso natural e completada por pedras. O corpo está voltado para o oriente. Os túmulos eram construídos para a eternidade o que não acontecia com as construções civis, feitas em tijolos, material frágil que não resistiu ao tempo.
A pirâmide é o encontro simbólico de deus com o homem: seu vértice representa o ponto em que os deuses descem para se unir aos homens e o lugar ao qual os homens ascendem para chegar aos deuses.
A ESCRITA
Os egípcios produziram uma escrita bem estruturada, e através dela temos um conhecimento bastante completo de sua cultura. O aspecto mais significativo dessa cultura é a religião, interpretando o universo, justificando sua organização social e política, determinando o papel de cada classe social e orientando toda a produção artística desse povo.
Além de crer em deuses que poderiam interferir na história da humanidade, acreditavam também na vida após a morte. Dessa forma, a arte egípcia concretizou-se, desde o início, nos túmulos, nas estatuetas e nos vasos deixados junto aos mortos. Sua arquitetura se realizou, sobretudo nas construções mortuárias.
ESCULTURA
A arte do antigo Egito era anônima, intervindo na sua elaboração vários artistas ou artesãos. Isso por causa dos padrões artísticos rígidos, que deviam ser seguidos à risca. A escultura pretendia substituir um ser ou uma ação, por isso deveria ser tão real quanto o modelo em que se inspirava, mas retendo sobretudo a imagem estática . As esculturas os mortos serviam para que o Ka, ou o “duplo” (essência espiritual, protetora do homem ) , reconhecesse o local da sepultura do seu corpo, para apoderar-se dele e continuar a viver no além.
No Antigo Império a escultura desenvolveu uma expressividade que surpreende o observador. A estátua revela dados particulares do retratado: sua fisionomia, seus traços raciais e sua condição social. Mas, durante o Médio Império, o convencionalismo e o conservadorismo das técnicas de criação, voltaram a produzir esculturas e retratos esteriotipados.
O estilo egípcio tinha leis rigorosas: as estátuas sentadas tinham que ter as mãos sobre os joelhos, os homens tinham que ser pintados com a pele mais escura do que as mulheres . A aparência de cada deus egípcio era rigorosamente estabelecida: Horo, deus–sol tinha que ser representado como um falcão ou com uma cabeça de falcão; Anúbis, o deus da morte, como um chacal ou com uma cabeça de chacal. Todo artista tinha que aprender também a arte da escrita. Tinha que recortar na pedra, de um modo claro e preciso, as imagens e os símbolos dos hieróglifos. Mas, assim que dominasse todas as regras, dava-se por encerrada sua aprendizagem. Ninguém queria coisas diferentes, ninguém queria que fosse original. Pelo contrário, o melhor artista ara aquele que fazia estátuas o mais parecido com os monumentos admirados do passado. Por isso , no transcurso de três mil anos ou mais, a arte egípcia mudou muito pouco.
Somente um homem abalou as barras de ferro do estilo egípcio. Na 18a Dinastia, o rei chamado Amenófis IV , rompeu com muitos costumes . Pra ele apenas um deus era supremo, Aton , de quem era devoto e a quem fez representar na forma do sol. Intitulou-se a si mesmo Akhnaton. As pinturas que ele encomendou devem ter chocado os egípcios de seu tempo. Ele é representado erguendo sua filha para os joelhos e pondo-a em seu colo, passeando com a esposa pelos jardins, apoiado em sua bengala. Alguns de seus retratos o mostram até como um homem feio, é que talvez ele insistisse numa semelhança natural.
O Cubismo é um movimento artístico que ocorreu entre 1907 e 1914, tendo como principais fundadores Pablo Picasso e Georges Braque. O Cubismo tratava as formas da natureza por meio

Muitos autores referem-se à origem histórica do cubismo a obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas, mas tinha por finalidade "descompor e recompor a realidade". O estilo cubista das artes plásticas rejeitou as técnicas tradicionais de perspectiva bem como a ideia de arte como imitação da natureza e privilegiou a bidimensionalidade e a fragmentaridade dos objetos.
O quadro que definitivamente afirmou o estilo cubista foi “Les Demoiselles d'Avignon” (1907), de Picasso. Nele podemos ver nele claramente a nova concepção de espaço plástico no achatamento do espaço pela superposição dos planos do objeto, com este ganhando uma nova feição figurativa. Decompondo a obra em partes, o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura, examinando-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da fragmentação dela.
Principais características:
· geometrização das formas e volumes;
· renúncia à perspectiva;
· o claro-escuro perde sua função;
· representação do volume colorido sobre superfícies planas;
· sensação de pintura escultórica;
· cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave.
O cubismo se divide em duas fases:
Cubismo Analítico - caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura, examinado-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas.
Cubismo Sintético - reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de Colagem porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção do artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis.
Principais artistas:
Pablo Picasso - tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até próximo à sua morte

Podemos destacar, também o mural Guernica, que representa, com veemente indignação, o bombardeio da cidade espanhola de Guernica, responsável pela morte de grande parte da população civil formada por crianças, mulheres e trabalhadores, durante a Guerra Espanhola.
"A obra de um artista é uma espécie de diário. Quando o pintor, por ocasião de uma mostra, vê algumas de suas telas antigas novamente, é como se ele estivesse reencontrando filhos pródigos - só que vestidos com túnica de ouro." Pablo Picasso
"A Arte não é a verdade. A Arte é uma mentira que nos ensina a compreender a verdade". Pablo Picasso
Dos artistas brasileiros destacamos:


- A Arte surge junto com o homem.
- As primeiras expressões da arte eram muito simples, traços feitos nas paredes das cavernas ou "mãos em negativo".
Tamanho de um a cinco metros.Não existia relação figura/fundo.Uso de corantes/animais.
Na pintura era usado: Óxidos minerais/ Ossos Carbonizados, Carvão, Gordura e sangue de animais.
Utilizavam o dedo. Há indícios de pincéis feitos de penas e pêlos.
O que motivou o homem a fazer essas pinturas?
HIPÓTESES:
- Existência de artistas para este fim;
- Ritual de magia para dominação;
- Ritual de preparo à caçada;
- Os desenhos não eram representação, mas sim, os próprios seres;
- Culto aos animais como representação de tribos clãs ou totens
No período neopolítico o homem desenvolve várias técnicas: Tecer panos, fabricar cerâmica, construir primeiras moradias.Início do trabalho com metais.Começa a representação da vida coletiva.
Através da arte o homem dispõe de poder sobre a natureza e imprimi as formas vivas da realidade sua própria tendência a racionalização.Do desenho nascerá a 1ª forma de escrita. Onde se havia o acaso o impulso, agora impediram a ordem e a razão.
Grafite
- Inscrição urbana como manifestação cultural.
- Conotação pejorativa em muros das ruas.
Com suas cores vibrantes, os bonecos amarelos, marca registrada do trabalho da dupla de irmãos paulistanos Gustavo e Otávio Pandolfo ou Osgemeos deram a vida aos muros da cidade de SP.
Basquiat :
“Privitivismo intelectualizado”, uma tendência neoexpressionista, retrata personagens esqueléticos, rostos apavorados, rostos mascarados, carros, edifícios, policiais, ícones negros da musica e do boxe, cenas da vida urbana.
Confira mais imagens desse paralelo:
http://picasaweb.google.com/CarolbailarinaLee/PreHistoriaXGrafite#
Milhões de pessoas lêem livros, ouvem música, vão ao teatro e ao cinema. Por que? Dizer que procuram distração, divertimento, relaxamento, é não resolver o problema. Por que distrai, diverte e relaxa o mergulhar nos problemas e na vida dos outros, o identificar-se com uma pintura ou música, o identificar-se com os tipos de um romance, de uma peça ou de um filme ? Por que reagimos em face dessas “irrealidades” como se elas fossem a realidade intensificada? Que estranho, misterioso divertimento é esse? E, se alguém nos responde que almejamos escapar de uma existência insatisfatória para uma existência mais rica através de uma experiência sem riscos, então uma nova pergunta se apresenta: por que nossa própria existência não nos basta? Por que esse desejo de completar a nossa vida incompleta através de outras figuras e outras formas? Por que, da penumbra do auditório, fixamos o nosso olhar admirado em um palco iluminado, onde acontece algo que é fictício e que tão completamente absorve a nossa atenção?
É claro que o homem quer ser mais do que apenas ele mesmo. Quer ser um homem total. Não lhe basta ser um indivíduo separado; além da parcialidade da sua vida individual, anseia uma “plenitude” que sente e tenta alcançar, uma plenitude de vida que lhe é fraudada pela individualidade e todas as suas limitações; uma plenitude na direção da qual se orienta quando busca um mundo mais compreensível e mais justo, um mundo que tenha significação. Rebela-se contra o ter de se consumir no quadro da sua vida pessoal, dentro das possibilidades transitórias e limitadas da sua exclusiva personalidade. Quer relacionar-se a alguma coisa mais do que o “eu” , alguma coisa que, sendo exterior a ele mesmo, não deixe de lhe ser essencial. O homem anseia por absorver o mundo circundante, integra-lo a si; anseia por estender pela ciência e pela tecnologia o seu “eu” curioso e faminto de mundo até as mais remotas constelações e até os mais profundos segredos do átomo; anseia por unir na arte o seu “eu” limitado com uma existência humana coletiva e por tornar social a sua individualidade.
Texto retirado de :
Fischer, Ernest - A necessidade da Arte - Círculo do Livro - São Paulo –
Páginas 12-13
Marcadores: arte, existência, necessidade, variedades